As denúncias de assédio sexual contra o ator e diretor Marcius Melhem, narradas com detalhes sórdios neste mês, atingem um tom melancólico no final da gestão de Carlos Henrique Schroder, que de 2013 até o fim do ano passado foi o todo-poderoso TV Globo. Schroder, justamente o executivo que mais “desconstruiu” a maior rede de televisão do país, contaminada por um escândalo deslumbrante em nome do sigilo corporativo (e corporatista).
É Leviano apontar o dedo para o Globo ‘ E afirmar que ele foi omitido diante das graves acusações contra um deles, já que Melhem era diretor do Humor da Estação, ou seja, o homem de confiança do próprio Schröder.
É pensado que você tem que ponderar isso e quem tem apontado a vingança na narrativa da atriz Dani Calabresa, para quem o humorista teria mostrado o pênis durante uma festa de celebração do 100º episódio do programa Zorra, em novembro de 2017. No Discurso de Melhem, Dani não assimilou a reprovação de um projeto que ela, no final de 2019, e resolveu trazer para a tona um episódio dois anos depois.
Mas não foi só Dani Calabresa. Após a atriz, o Globo recebeu outras cinco denúncias de importunação sexual contra Melhem e outras tantas de assédio moral. Ainda assim, a emissora nunca reconheceu publicamente que o comediante deixou a emissora em agosto pela porta dos fundos. Pelo contrário.
Diferentemente do que aconteceu com o ator José Mayer, que virou notícia em seus telegramas em 2017 por, a Globo nunca relacionou a saída de Melhem a acusações de assédio sexual. Se ele foi demitido por isso, suas vítimas mereciam saber que havia alguma justiça.
Mas não: em março, quando as denúncias de Dani Calabresa à área de compliance da empresa tornava insustentável a permanência do chefe do departamento de Humor, a Globo não divulgou a informação de que Melhem teria sido absolvido na sequência de uma investigação interna.
Em nota à imprensa, a emissora informou que Melhem estava deixando seus papéis executivos e se afastando do criativo, por quatro meses, (seguindo o tratamento médico de uma filha nos Estados Unidos).
Em agosto, quando o tinha já recebeu pelo menos seis denúncias de assédio sexual. A nota oficial voltou a passar para Melhem. O comunicado diz que a parceria de sucessos “de 17 anos de idade” terminaria em um “acordo comum”. Ele insinuou que Melhem estava saindo dentro de uma política de corte de gastos.
“Como todo mundo sabe, a Globo tomou uma série de iniciativas para se preparar para os desafios do futuro e, com isso, adotou uma nova dinâmica de parceria com atores e criadores em suas múltiplas plataformas”, diz a nota Leia.
oficialmente, Melhem não foi demitido
Na última sexta-feira (4), na esteira de João Batista Jr. ‘ s reportagem corajosa na revista Piauí, O Globo perdeu outra oportunidade de contar a verdade dura. Aqui está a íntegra da nova nota oficial:
” O Globo não comenta questões de compliance, mas reafirma que cada relatório de assédio, moral ou sexual, é checado judicialmente assim que a empresa toma nota. A Globo não tolera um comportamento abusivo em suas equipes e incentiva a relatar qualquer abuso. Nesse sentido, mantém um canal aberto para denúncias de violação das normas do Código Etico do Grupo Globo. Por esse código, assumimos o compromisso com o segredo do processo, assim como investigar, não comentar as apurações e tomar as providências, que podem passar de uma ressalva até o fechamento do colaborador. Mesmo em cenários de encerramento, os motivos para a conformidade não são tornados públicos.
Somos muito judiciosos em tornar os estilos de gestão adequados aos comportamentos e posições que a Globo quer incentivar e que as medidas tomadas estão em consonância com o que foi comprovado. Não foi diferente nesse caso. A recepção e a empatia com aquelas violações de relatórios do Código de Ética são pontos essenciais do programa de compliance da empresa.
Isso não significa que os processos de conformidade sejam estáticos. Pelo contrário. Eles evoluem constantemente para acompanhar as discussões da sociedade. As práticas e as avaliações são revistas em tempo integral, assim como sugestões e sugestões para melhorar os mecanismos de comunicação interna. A própria sociedade está se transformando e a empresa acompanha esse processo. “
I.E., oficialmente, Marcius Melhem nunca foi demitido pelo Globo por mostrar o pênis a um colega de trabalho, ou qualquer ato que o desmorona.
É inegável que os Globos falharam nesse caso. A própria rede reconhece que está aprendendo. Os fatos mostram que ela protegeu (e continua protegendo) um profissional acusado de desvio ético e que ela compensou a vítima com um quadro nos melhores Joga e um programa no GNT.
Carlos Henrique Schroder, o chefe de Marcius Melhem, não está deixando o Globo pela forma como conduziu o caso. O escândalo, no entanto, defendeu sua reputação como um executivo que modernizou o Globo, renovou o quadro de autores novatos e deu ao seu Jornalismo um prestígio que nunca teve, em parte provocado pelo bolsonarismo.
Schröder não inventou o “teste do sofá”, é verdade, no entanto o Globo sob seu comando continuou sendo uma empresa sexista e tóxica. Apesar de ter instaurado uma área de compliance (que já recebeu mais de 4 denúncias) e castigado casos de racismo e assédio, o Schroder Globe não deu às vítimas o reconhecimento público que merecem. Eu não precisei dizer que Melhem as assediou (até porque, a não ser que equacionamos, não há provas materiais). Ele só fala com todas as letras que a emissora deixou por causa das denúncias.